Pensando bem
Antes de gostar de ler, eu gostava de escrever. Aos três anos de idade assinava meu nome com os ésses invertidos embaixo de histórias rabiscadas na minha caligrafia inventada.
Primeiro quis ser advogada, porque achava lindo poder defender as causas justas do mundo (eu tinha seis anos na época, vale ressaltar), depois resolvi ser escritora. Ninguém me contrariou.
Aos doze anos, pedi uma máquina de escrever de presente. Ia finalmente escrever meu primeiro livro. A Olivetti portátil virou depósito de poeira depois do primeiro cento de papel sulfite amassado e acabou sendo substituída por um MSX no ano seguinte. Desnecessário dizer que o livro não saiu ainda.
Na oitava série, caiu a ficha: vou ser jornalista. A família apoiou. Vai entender. A decisão seguiu firme até o Vestibular. Seria crítica de cinema e substituiria a Ana Maria Bahiana em Los Angeles quando ela se aposentasse.
O que vem depois é história. O post é para dizer que hoje eu não sei se gosto mesmo de escrever ou se gosto da idéia de escrever. Lendo os blogs amigos, percebo no pessoal uma necessidade de expressão verbal muito mais eficiente e evidente do que a minha.
Nos tempos do MSX, gostava de treinar a "digitação" copiando trechos de livros de que gostava na tela preta da TV 14 polegadas com cursor verde. Dezoito anos depois, acho que é isso que continuo fazendo: copiando textos dos outros pra dentro de um computador. A diferença é que, no meio do caminho, o texto muda de idioma. E eu recebo pra isso.
Pensando bem, talvez eu goste mesmo é de digitar, não de escrever...
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