quinta-feira, outubro 14, 2004

I bid you peace

Preciso confessar que sinto uma inveja saudável de quem tem uma causa definida. Daquelas pessoas que acreditam tanto em algo que são capazes de falar horas sobre o assunto, como eu costumava fazer na minha adolescência.

Não sei se foi a morte do meu pai, se foi o meu amadurecimento meio que forçado aos 21 anos, se foi a convivência com uma família vítima de injustiça (que passou a ser também a minha família)... Só sei que a minha causa é a tolerância.

E a minha causa parece vaga demais. Exige muito bom senso e não combina com discursos ou pregações. Pelo contrário, a tolerância na verdade repudia a atitude do "isto é o certo, por isso me ouça e aprenda".

Quem me conhece, sabe que eu tenho mania de fazer observações absurdas sobre assuntos polêmicos só para provocar mesmo. É um humor meio torto, que eu aprendi com o pai de quem falei ali em cima e de quem vivo falando. Mas só quem me conhece mesmo sabe que esses absurdos que eu digo são o meu jeito de dizer: é tudo bobagem!

Acredito piamente que nenhuma crença é suficientemente consistente para não ser ridícula. Só que a tolerância é ampla demais, subjetiva demais para ser simplificada. Meu lema de vida é "sou radicalmente contra radicalismos", e é um lema difícil de defender.

Será que isso tem cura?