Fuçando na web, descobri que no dia 4 de março fez 10 anos do lançamento de A Lista de Schindler, o que eu tinha deixado passar batido. Admito, sou fã quase incondicional do Spielberg. Amei os óbvios E.T. e Indiana Jones e os nem tão pops assim Always, A Cor Púrpura e O Império do Sol, providencialmente deixando de lado alguns que me cheiraram a porcaria como A.I. e Jurassic Park, para evitar decepções.
Eu definitivamente adorei A Lista de Schindler. Agora, 10 anos depois, percebo que os méritos não são inteiramente do filme, mas muito mais das minhas circunstâncias. Em 1994, eu estava com 20 anos de idade, minha irmã, com 16, e nós duas conseguimos convencer o meu pai a ir ao cinema em vez de esperar os filmes saírem em vídeo. Ele sempre gostou de cinema, mas, fumante inveterado, não suportava a idéia de ter de passar mais de duas horas sem acender um cigarro.
Graças ao meu pai (e ao videocassete), aprendi a gostar não só do Spielberg, como de Coppola, Sérgio Leone, Scorcese, Sam Peckinpah, Costa Gavras, Mario Monicelli e a descobrir mais e mais cineastas, atores e atrizes, encadeando informações e filmes uns nos outros. Em 1994, nenhum de nós ainda sabia, mas meu pai só estaria conosco por mais dois anos. Talvez ele já desconfiasse. Por isso se rendeu aos apelos das filhas, e voltou a freqüentar as salas de cinema.
Naquele ano e em 1995, a família toda viu vários filmes no cinema, mas eu me lembro bem mesmo é de A Lista de Schindler. Eu me lembro de olhar para o lado e ver o meu pai chorando. Lembro de comentar isso com ele e ouvir como resposta: "Eu chorei porque não estava mais agüentando ficar sem fumar". E me lembro de ter tido um dejà vu. Dezoito anos antes, eu tinha visto meu pai chorar no final do E.T..
O dia se espatifa *
Dezembro de 2003 - Abril de 2006
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